Marcela havia comprado um vestido lindíssimo, de cores deslumbrantes, feito da mais pura seda, maravilhoso. Ela pagou bem caro por ele porque achou que valia o quanto custava, o vestido era lindo mesmo.
Ela guardou o vestido esperando pela hora certa de usá-lo. Quando tinha alguma ocasião especial, Marcela nunca achava que era especial o suficiente para usar o seu lindo vestido. Passaram-se eventos, jantares, casamentos, festas... Mas, aparentemente, nada era assim tão importante e adequado para o vestido. E, assim, passaram-se uns quatro anos com o vestido guardado sem ela nunca tê-lo usado.
Um dia, arrumando o seu guarda-roupas, Marcela tirou tudo o que tinha dentro. No meio da arrumação, pegou seu vestido de seda lindíssimo e lamentou por nunca ter tido a oportunidade de usá-lo. Quando olhou bem, ele estava cheio de furinhos, feitos por traças, por todo o vestido. Marcela ficou chateadíssima, porque o vestido havia ficado inutilizável e ela perdeu o vestido.
Você já fez algo assim?
Sabe aquele faqueiro e jogo de louça que só são usados em sua casa quando você recebe visitas? No dia a dia, você e sua família usam aqueles mais velhinhos mesmo.
E aqueles encartes com figurinhas que vinham nos cadernos quando éramos crianças e guardávamos para algo especial e acabávamos nunca usando?
Esses dias comprei uma goiabada para fazer bolo de fubá com goiabada. Fiquei com vontade de comer um pedaço da goiabada, mas aí pensei que era melhor guardar para o bolo. Passou um tempo, meu forno estragou e não fiz mais bolo algum. Fui olhar a goiabada no armário e estava vencida.
Tem coisas que a gente não pode deixar para depois, porque tem “depois” que nunca chega. Que ocasião pode ser mais especial que hoje? O presente não se chama presente à toa. Quando foi que as visitas se tornaram mais importantes que a própria família para desfrutar do que há de melhor em casa?
Precisamos parar de achar que não estamos prontos, que não merecemos, que a melhor hora ainda vai chegar.
Aprendi que não se deixa para depois. Se eu tiver um vestido lindíssimo, o meu melhor vestido, e quiser usar para ir ao shopping em plena quarta-feira, usarei. Usarei as minhas melhores louças, mesmo se estiver sozinha. Também comerei a goiabada quando tiver vontade. Aprendi.
Eu, antes mesmo dos outros, mereço o melhor. Aquilo que eu conquisto, que é meu, com o qual eu fui abençoada, eu usarei. Sem escassez. E não me sinto culpada e nem egoísta por isso.
Que benefício há em vivermos guardando o melhor para depois se o temos agora? O depois não existe ainda, é só uma ideia. O que temos é o hoje, o agora. Só podemos abençoar quem está em volta quando transbordamos. Se nos limitamos sempre ao mínimo, se nunca estamos cheios, como transbordaremos?
Olhe-se com mais amor, você merece o melhor.
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